O que é a Constelação Familiar
A Constelação Familiar é uma abordagem capaz de mostrar com simplicidade, profundidade e praticidade onde está a raiz, a origem, de um distúrbio de relacionamento, psicológico, psiquiátrico, financeiro e físico. Ela leva o indivíduo a um outro nível de consciência em relação ao problema em questão e mostra uma solução prática e amorosa de pertencimento, respeito e equilíbrio.
Pode ser indicada para todas as idades, classes sociais, e sem qualquer vínculo ou abordagem religiosa, podendo ser indicada para qualquer pessoa doente, em qualquer nível e de qualquer idade. A técnica não substitui tratamentos médicos e psicológicos, mas fundamenta um modelo integral de tratamento, sendo uma Terapia Não-convencional que traz à tona questões que antes não eram percebidas nem mesmo pelo próprio paciente.
Com o auxílio da Constelação Familiar, o paciente é capaz de perceber tanto uma conexão pre-reflectiva e sistêmica entre o campo ancestral e a questão de apresentação quanto um possível movimento de cura de traumas transgeracionais. Esta terapia também pode ser aplicada a outras esferas conflitivas, como trabalho, comunidade e perpetrador-vítima, por exemplo.
Com os insights que surgem durante as sessões, o processo é levado a uma conclusão suave, com integração da cura ao longo do tempo, lembrando a Constelação Familiar é um recurso adicional ao tratamento psicoterapêutico.
Práticas Terapêuticas da Constelação Familiar
Na Constelação Familiar ocorrem abordagens normalmente administradas em um ambiente de grupo, no qual aproximadamente 15-25 participantes não relacionados se reúnem para um seminário/workshop de 2-3 dias orientado por facilitadores. Cada constelação começa com uma breve entrevista com o facilitador e o paciente para esclarecer o objetivo do indivíduo para aquela intervenção. Em seguida, é decidido de forma conjunta quais membros do sistema do paciente irão desempenhar um papel importante na questão apresentada. Estes, por sua vez, serão representados por outros membros do grupo durante a constelação.
Os representantes (incluindo o representante do paciente) são posicionados na sala pelo paciente, inicialmente, com distâncias espaciais, ângulos e posturas corporais destinadas a corresponder à imagem interna do sistema (“constelação de problemas”). Isso permite que o facilitador identifique a dinâmica abaixo da preocupação de apresentação do paciente ao mesmo tempo em que o ajuda a refletir sobre sua experiência interna do ponto de vista mais objetivo e parcialmente externo (como são observadores e não participantes neste momento). Essa parte do processo não é verbal porque foca no que os participantes começam a experimentar como parte da estrutura criada pelo paciente em análise.
Em seguida, os representantes são questionados pelo terapeuta sobre suas sensações físicas, sentimentos e pensamentos enquanto estavam em suas posições. Rearranjos, ajustes espaciais e conversas breves e ritualizadas são feitas com base nos princípios do funcionamento saudável dentro de um sistema até que uma constelação seja identificada para oferecer a resolução para o problema apresentado.
Como se originou a Constelação Familiar
Na década de 80, o psicoterapeuta alemão Bert Hellinger estudou e observou o comportamento e as atitudes de tribos africanas na resolução de conflitos. A partir disso, ele elaborou de forma sistematizada um conjunto de técnicas psicoterapêuticas que denominou de Constelação Familiar.
Segundo Hellinger, além do inconsciente individual e do inconsciente coletivo, existe a influência de um inconsciente familiar sobre cada membro de uma família. Para solucionar os conflitos, a técnica busca facilitar o entendimento de transtornos psicológicos – especialmente aqueles que podem ser estimulados pela dinâmica das relações familiares ou de relacionamentos – por meio da identificação de fatores de estresse. Assim, o paciente é capacitado a observar o mundo a partir de diferentes perspectivas.
Para o psicoterapeuta, as ações realizadas em consonância com essas leis favorecem que a vida flua de modo equilibrado e harmônico. Quando são transgredidas, ocasionam a perda de saúde, de vitalidade, de realização e de bons relacionamentos com decorrente fracasso nos objetivos de vida. Ele propôs que se as ordens básicas da vida forem conhecidas e compreendidas, podem ser integradas conscientemente na rotina diária e o paciente, ao agir de acordo com elas, pode ter sua visão e seu comportamento transformados em algo positivo, permitindo viver uma vida mais fácil e feliz.
Com o auxílio das abordagens da Dinâmica de grupo, das artes plásticas de Virginia Satir, da Terapia Primária, da Análise Transacional e dos métodos hipnoterapêuticos, Hellinger desenvolveu sua própria Terapia Sistêmica e Familiar, cuja finalidade é investigar as inter-relações familiares nos seus mais diversos períodos existenciais para identificar os bloqueios na saúde emocional, permitindo uma amplitude na assistência terapêutica.
A Constelação Familiar tem no Brasil uma intensa repercussão nos contextos terapêuticos privados, instituições/organizações, e mais recentemente na saúde pública no Brasil (SUS) pela Portaria nº 702 de 21 de março de 2018 do Ministério da Saúde na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e no sistema judiciário pela Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça como técnica para promover acordos judiciais.
Para um panorama mais abrangente sobre a Constelação Familiar, acesse aqui.
Referências
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