O que é a Fitoterapia
A Fitoterapia é a terapia que utiliza partes de plantas medicinais em diferentes formas farmacêuticas para tratar patologias e sintomas diversos, visando benefícios medicinais e influência positiva na qualidade de vida das pessoas.
A utilização de plantas com finalidade medicinal é uma forma de tratamento antiga e de conhecimento popular que pode auxiliar de maneira profilática, curativa e paliativa com o aperfeiçoamento de práticas e experiências populares. O Brasil é o maior consumidor de plantas medicinais no mundo, detentor em cerca de 20% das espécies mundiais de plantas em seu território.
Na Medicina Integrativa, a Fitoterapia obteve um expressivo crescimento, estimando-se que a venda de fitoterápicos gire em torno de 15 bilhões de dólares mundialmente. Questões como a boa aceitabilidade e aderência ao tratamento, baixo custo, fácil acesso e a crença de que os efeitos adversos não são tão agressivos em relação aos medicamentos sintéticos vem contribuindo para a expansão desta terapêutica.
A busca por ações terapêuticas fitoterápicas pelos profissionais de saúde e por pacientes tornou a Fitoterapia como uma das formas de tratamento mais difundidas da PNPIC, mas é importante esclarecer que a Fitoterapia deve estar sempre alinhada com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos aplicada ao uso de plantas medicinais e de fitoterápicos.
A Prática Terapêutica da Fitoterapia
Os fitoterápicos tradicionais e o uso de plantas medicinais podem ser usados na forma de infusões ou misturas, tinturas, xaropes ou pomadas, preparados de forma caseira ou pela indústria com diferentes níveis de tecnologia baseados em evidências. Ao contrário dos medicamentos fitoterápicos, os produtos tradicionais são isentos de prescrição, sendo que a principal diferença entre as duas categorias está na exigência de comprovação científica. Inclusive, esta facilidade de acesso é uma vantagem para implementação da Fitoterapia no SUS, pois a população que não pode comprar um medicamento fitoterápico industrializado, ou medicamento alopático, pode utilizar uma preparação caseira.
Desde que usadas com a orientação do profissional de saúde, as preparações caseiras são capazes de resolver muitas situações corriqueiras de adoecimento. A acessibilidade de espécies vegetais em hortas ou no entorno das residências é uma opção acessível e rápida, pois o tratamento pode ser iniciado prontamente na ocorrência de um problema de saúde.
O uso de plantas medicinais e o conceito de medicamento fitoterápico é geralmente confundido pela população, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) considera como medicamento fitoterápico aquele obtido exclusivamente de matérias-primas de origem vegetal, com qualidade constante e reprodutível e que tanto os riscos quanto à eficácia sejam determinados, seja por levantamentos etnofarmacológicos e por documentações técnico-científicas em publicações, ou pela condução de ensaios clínicos específicos.
Na Fitoterapia, pode ser utilizado o medicamento fitoterápico ou preparações caseiras que, além de o preparo ser de fácil execução, é uma opção à falta de medicamentos nos serviços de saúde. Assim, pode-se oferecer um tratamento com eficácia e baixo custo, sendo uma terapêutica integrativa inclusiva em sua essência.
Com o Decreto nº 5.813 foi criada, em 2006, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com ações e políticas detalhadas no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Portaria Interministerial nº 2.960/2008). O objetivo desta iniciativa foi garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos de forma a promover o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional, assim como o uso sustentável da biodiversidade. A partir deste ponto, vários medicamentos fitoterápicos foram disponibilizados na lista de medicamentos essenciais do SUS e foram criados diversos programas de divulgação, ensino e pesquisa, assim como no atendimento à população.
A fim de seguir as recomendações da PNPIC, o Ministério da Saúde, responsável pela Política de Educação na Saúde, contou com estratégias para formação e educação dos profissionais de saúde, como o Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS); o Programa Nacional de Telessaúde; o Programa de Educação Permanente pelo Trabalho para a Saúde; Cursos de Especialização e Mestrado Profissionalizante; entre outros. Além de contar com essas estratégias, o Ministério da Saúde tem incentivado a inclusão de disciplinas de interesse do SUS nos currículos dos cursos de graduação na área da saúde e inserido disciplinas sobre Fitoterapia e outras práticas integrativas e complementares nos cursos de especialização que por eles são financiados.
Origens da Fitoterapia
A Fitoterapia é uma das formas mais antigas de tratamento com registros em civilizações antigas por todo o mundo, com diferentes vertentes baseadas na vegetação e culturas locais. A Fitoterapia é abordada em documentos médicos importantes como o Papiro de Ebers, do Egito há mais de 3.000 anos, e o Corpus Hipocraticum há mais de 2.000 anos.
Para saber mais sobre Fitoterapia, acesse este link. Nele, serão encontradas informações complementares sobre esta terapia convencional.
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