O que é a Terapia Comunitária Integrativa
A técnica de Terapia Comunitária Integrativa faz uso das experiências de vida dos membros de um grupo para ajudar na solução de problemas de outros membros, fortalecendo o vínculo da comunidade, valorizando a história de vida de seus componentes e buscando o bem-estar comum.
A roda de Terapia Comunitária Integrativa é um espaço de acolhimento e de partilha de sentimentos e experiências de vida. Mobiliza recursos e competências das pessoas por meio da ação terapêutica do próprio grupo e estimula a formação de uma rede social solidária para enfrentar os problemas do cotidiano.
A Prática Terapêutica da Terapia Comunitária Integrativa
A Terapia Comunitária Integrativa ocorre em espaços públicos, busca acolher o sofrimento pessoal e social, tanto no plano individual quanto através do fomento às redes de apoio, convivência e solidariedade. Propõe-se a valorizar a prevenção do adoecimento, sobretudo estimulando o grupo a usar de sua criatividade, ressignificando o presente e futuro a partir de seus próprios recursos, cuidando, assim, da saúde comunitária.
A roda de Terapia Comunitária Integrativa é composta pelas seguintes etapas:
- Organização do espaço: cadeiras em círculo para facilitar a proximidade dos participantes e igualar a participação e o diálogo íntimo e respeitoso;
- Acolhimento e dinâmica: clima caloroso, quebrando resistência e medos, brincando e aproximando com liberdade;
- Escolha do tema: tema livre, mas que seja conectado a algo que os membros estejam integrados. Elege-se um tema, dando oportunidade a todos de se inserirem no contexto;
- Perguntas durante a contextualização: busca a compreensão das vivências de cada um. Há um caminho interno a ser percorrido, interrogando seus próprios conflitos;
- Compartilhamento de experiências: através do assunto em debate, cada indivíduo amplia o tema na sua perspectiva e não há perda de elo, de conexão com os outros membros;
- Encerramento: responde-se a seguinte pergunta: o que estou levando daqui? Ocorre a conscientização do que foi levantado, fortalecendo o grupo.
Na prática, os terapeutas comunitários utilizam as seguintes etapas como guias:
- Acolhimento (boas-vindas; celebração da vida dos aniversariantes do mês; exposição do objetivo da TCI; apresentação das regras; aquecimento do grupo por meio de música ou dança; e apresentação do terapeuta);
- Escolha do tema (palavra do terapeuta comunitário; apresentação dos temas; identificação do grupo com os temas apresentados; votação; e agradecimento);
- Contextualização (informações e mote);
- Problematização (lançar o mote);
- Conclusão (formação da roda e conotação positiva);
- Apreciação (grupo reflete sobre seu aprendizado durante a terapia).
A Terapia Comunitária Integrativa pode ser aplicada em diversos campos, sendo os mais comuns: na saúde da mulher, do homem da criança, do adolescente e do idoso; na saúde mental com usuários de drogas; entre outros acompanhamentos psicoterapêuticos.
Essa Prática Complementar de Bem-Estar (PCBE) está inserida nas Políticas Nacionais de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICs) e, devido à sua acessibilidade, baixo custo, autonomia e interação com os indivíduos, esta terapia tem se destacado entre as terapias complementares com resultados positivos e promissores.
No Brasil, a Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa (ABRATECOM) é uma organização sem fins lucrativos que busca fortalecer o desenvolvimento da Terapia Comunitária Integrativa, congregando pessoas e instituições, promovendo e criando redes.
Origens da Terapia Comunitária Integrativa
Ela foi criada pelo médico psiquiatra Dr. Adalberto de Paula Barreto, da Universidade Federal do Ceará, na década de 80, quando atendia em uma comunidade carente de Fortaleza Ceará). Muitos dos tratamentos prescritos não eram realizados adequadamente por falta de condição financeira dos pacientes e ao observar a sala de espera dos consultórios, o médico viu que muitos pacientes incentivavam o outro com seus relatos de vida, falando sobre como lidaram com uma situação semelhante, e enquanto ajudavam o outro também traziam uma sensação de bem-estar para si.
Essa modalidade terapêutica surgiu em resposta às demandas do Centro de Direitos Humanos da Comunidade do Pirambú, a maior favela do Estado do Ceará, Brasil e hoje é aplicada em países como Chile, Equador e Argentina, em diversas áreas – social, de saúde e de educação.
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Referências
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