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O que é a a Dança Circular

Semelhante à terapia da Biodança, a Dança Circular também se vale dos movimentos do corpo para proporcionar bem-estar e qualidade de vida, sendo a diferença estre elas que esta segunda acontece em grupo enquanto todos formam uma roda.

As danças circulares buscam, por meio do dançar em roda, do gestual, da coreografia, do ritmo e da música, acessar a subjetividade humana e provocar vivências que possibilitem o compartilhamento e o despertar em grupo de emoções como o respeito ao outro, a integração e cooperação, a sensibilidade e a emersão de aspectos sócioafetivos.

A Prática Terapêutica da Dança Circular

As Danças Circulares são realizadas num contexto grupal e em círculo, com o intuito de despertar o respeito ao outro, favorecer a integração, a inclusão, a cooperação, o sentido de pertencimento, acolher as diversidades e valorizar a experiência interna dos envolvidos.

Para estabelecer esse processo, a forma como a dança circular é estabelecida possui algumas características, para facilitam o fluir da roda e o contato consigo e com o outro. Inicialmente, os participantes são ordenados em círculo com as mãos dadas, mão esquerda voltada para baixo, palma da direita para cima em um simbolismo de receber e doar que se fecha em um circuito. A disposição na dança de roda depende desta para se mover em torno de um centro; compasso, ritmo e melodia da música ou de um canto entoado por todos que motivam o movimento e a sequência de passos em uma combinação de posturas, repetições de movimentos articulados com saltos, gestos e giros. Estas etapas apresentam um simbolismo do paroxismo da vida e são representados pelos movimentos na alternância da tensão e relaxamento, do erguer e abaixar os braços, do ir para frente e para trás, de um jogo de forças e leveza que se revezam nas relações humanas.

Estudos como do Dr. Luiz Berni, psicólogo e pesquisador, mostram resultados positivos na promoção de saúde e qualidade de vida, envolvendo benefícios nos campos físico, mental, social e cultural.

O médico psiquiatra Dr. Paulo Toledo Machado Filho, em suas pesquisas com ênfase em neurotransmissores, demonstrou que a Dança Circular pode auxiliar no tratamento de comportamentos ansiosos, pois promove o relaxamento que induz liberação de endorfina, hormônio ligado ao prazer e à sensação de bem-estar. Já a fisioterapeuta e osteopata alemã Marie-Sophie Kiepe, pesquisadora do aspecto neuromotor, demonstrou em uma revisão sistemática o potencial do desenvolvimento da bilateralidade do controle motor dos lados esquerdo e direito do corpo sob o movimento de forma não habitual, propiciados pela dança.

Esta Prática Complementar de Bem-Estar (PCBE) está inserida nas Políticas Nacionais de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e possui linhas de pesquisas, principalmente, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Universidade de São Paulo (USP).

Origens da Dança Circular

O bailarino e coreógrafo alemão Bernhard Wosien, profundo pesquisador de danças e rítmicos folclóricos nas mais diversas culturas, buscava elaborar uma dinâmica em seus movimentos artísticos que pudessem expressar os sentimentos de amor, de alegria e de amizade. Em 1976, após vivenciar as experiências folclóricas no norte da Escócia, na região de Findhorn, o alemão compreendeu o potencial da expressão do sentir nos movimentos de rodas ancestrais, desenvolvendo a Dança Circular Sagrada.

Segundo Wosien, flexibilidade, coordenação, equilíbrio, respiração, tensão e relaxamento   integram a dinâmica de tocar e ser tocado por meio das danças. Assim, a partir das vivências compartilhadas em grupo, do dançar em roda, do ritmo, da música, do gestual e da coreografia, busca-se acessar a subjetividade humana, prezar pelo respeito, valorizar as particularidades e singularidades dos envolvidos, além de despertar sentidos comunitários.

 

Para saber mais sobre a Dança Circular, clique aqui.

Referências

Andrada PC, Souza VLT. Corpo e docência: a dança circular como promotora do desenvolvimento da consciência. Rev. Psicol. Esc. Educ.19(2): 359-368, 2015.

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Kiepe MS, Stockigt B, Keil T. Effects of dance therapy and ballroom dances on physical and mental illnesses: A systematic review. The Arts in Psychotherapy 39: 404– 411, 2012.

Machado Filho PT. Danças circulares e suas correlações psicofísicas, espirituais e integrativas. Jung & Corpo, São Paulo: Sedes Sapientiae, ano V, 5:49-59, 2005.

Pereira DF. O processo de criação sob a perspectiva da Psicologia Analítica: Danças Circulares Sagradas coligadas ao processo de criação em dança. 2010. 172 p. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes, Campinas, SP, 2010.

Portaria nº 702 de 21 de março de 2018. (2018). Altera a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares-PNPIC. Brasília, DF: Ministério da Saúde.

Souza ACT, de Candido AF.  A importância da dança circular sagrada para o desenvolvimento integral do Ser. Rev. Intellectus – Revista Acadêmica Digital 50:58-76, 2020.

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