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A prática de Yoga em dores crônicas

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O Yoga é uma filosofia e ciência aplicada, que se originou na Índia antiga (Whitehead & Fogerite, 2017). O yoga, também descrito como disciplina ou tradição, inclui uma variedade de práticas que afetam o corpo e a mente, como o estudo de filosofia, respiração, posturas físicas, uso de som, visualização, meditação e práticas de relaxamento (Whitehead & Fogerite, 2017). Enquanto muitas pessoas praticam o yoga como um meio de evolução pessoal, muitas outras o praticam, principalmente, como uma forma de exercício ou para obtenção de benefícios para a saúde (Whitehead & Fogerite, 2017).

Em poucas décadas, o Yoga começou a ser conhecido e praticado mundialmente (Siegel & Bastos, 2010). No início do século 20, o conhecimento sobre o yoga foi transportado da Índia para o Ocidente e, atualmente, vem sendo divulgado por profissionais de diversas nacionalidades (Siegel & Bastos, 2010).
A globalização do yoga tem despertado debates sobre a necessidade de padronização da prática terapêutica (Siegel & Bastos, 2010). A incorporação dessa tradição no território brasileiro tem contribuído no processo de ressignificação de “saúde” e corroborado com a integralidade no cuidado, orientada pela conduta ética e pelo emprego de técnicas autoadministráveis (Bernardi et al., 2021).

No Brasil, o Yoga foi inserido na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, pelas portarias n° 719/2011, n° 145/2017 e n° 849/2017 (Siegel & Bastos, 2010). Com sua inclusão no SUS, evidenciou-se a redução da desigualdade no acesso, com a disseminação da prática em diferentes classes sociais e etnias (Siegel & Bastos, 2010).

Visualiza-se um número crescente de estudos científicos que buscam demonstrar os benefícios físicos e psicológicos advindos da prática de yoga ou de suas técnicas isoladas em indivíduos com diferentes condições de saúde (Bernardi et al., 2021). Entretanto, a heterogeneidade de dados em função de diferentes técnicas utilizadas e populações distintas ainda se apresenta como um desafio para a medida de eficácia em diferentes campos terapêuticos (Bernardi et al., 2021).

Em relação ao tratamento e manejo de dores crônicas, observa-se o mesmo comportamento, com um aumento do número de estudos acerca do tema. A prática de yoga vem apresentando bons resultados para a prevenção e tratamento de dores crônicas, como dores lombares (Whitehead & Fogerite, 2017), dismenorreia primária (Kim, 2019), dores no pescoço (Kramer et al., 2017), artrite (Haaz & Bartlett, 2011), fibromialgia (Silva & Lage, 2006; (Vallath, 2010), enxaqueca (Anheyer, et al., 2020; (Vallath, 2010), dor neuropática (Vallath, 2010), dores ocasionadas por tumores ou tratamentos antineoplásicos (Vallath, 2010), entre outros.

Há evidências de que o yoga é uma abordagem suplementar útil sobre a dor e incapacidades associadas (Bussing et al., 2012). Os efeitos benéficos do yoga podem ser explicados, em parte, por uma maior flexibilidade física, coordenação e força, ao acalmar e concentrar a mente para desenvolver um estado de consciência maior e redução da ansiedade, da angústia e melhora do humor. Como os pacientes podem reconhecer que são capazes de ser fisicamente ativos, apesar dos sintomas persistentes da dor, eles experimentam maior autocompetência e autoconhecimento, o que contribui para maior qualidade de vida (Bussing et al., 2012).

Os estudos que avaliam os efeitos de novas propostas terapêuticas são cada vez mais presentes em literatura, o que demonstra uma tendência de maior utilização clínica de terapias não medicamentosas. Neste contexto, o yoga tem se mostrado uma vertente terapêutica promissora para o manejo de dores crônicas e concomitante melhora da qualidade de vida dos pacientes (Vallath, 2010), sendo uma terapia viável e acessível à população por sua simplicidade e praticidade (Teles et al., 2017).

Referências Bibliográficas:

Anheyer, D.; Klose, P.; Lauche, R.; Saha, F.J.; Cramer, H. (2020). Yoga for Treating Headaches: a Systematic Review and Meta-analysis. J Gen Intern Med., 35(3):846-854.

Bernardi, M.L.D.; Amorim, M.H.C.; Salaroli, L.B.; Zandonade, E. (2021). Yoga: um diálogo com a Saúde Coletiva. Interface (Botucatu), 25: e200511.

Bussing, A.; Ostermann, T.; Ludtke, R.; Michalsen, A. (2012). Effects of yoga interventions on pain and pain-associated disability: a meta-analysis. Journal of Pain, 13(1): 1-9.

Haaz, S.; Bartlett, S.J. (2011). Yoga for arthritis: a scoping review. Rheum Dis Clin North Am., 37(1):33-46.

Kim, S.D. (2019). Yoga for menstrual pain in primary dysmenorrhea: A meta-analysis of randomized controlled trials. Complementary Therapies in Clinical Practice, 36, 94-99.

Kramer, H. et al. (2017). Effects of yoga on chronic neck pain: a systematic review and meta-analysis. Clinical Rehabilitation, 31 (11): 1457-1465.

Siegel, P.; Bastos, C.L.G.B. (2020). Yoga: um objeto de fronteira? Interface (Botucatu), 24: e200180.

Silva, J.D.; Lage, L.V. (2006). Ioga e Fibromialgia. Rev Bras Reumatol, v. 46, n. 1, p. 37-39.

Vallath, N. (2010). Perspectives on Yoga Inputs in the Management of Chronic Pain. Indian Journal of Palliative Care, 16(1): 1–7.

Whitehead, A.; Gould Fogerite, S. (2017). Yoga Treatment for Chronic Non-Specific Low Back Pain (2017). EXPLORE: The Journal of Science and Healing, 13(4), 281–284.

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